- Vinícius Azambuja
- Sep 18
- 3 min read
Updated: Sep 19
Qual é a disso aqui? Penso nisso direto, sobre qual é a disso tudo, site, blog, fotos. Qual é a de parar, desapegar, viajar, documentar. Qual é, o que vem depois?
Bom que as poucas pessoas que vão ler isso aqui são justamente as com quem já conversei pessoalmente, e tenho certeza que para elas ficou muito claro que eu não tenho muitas respostas (nem estou buscando responder nada de antemão).
Até porque seria muita inocência achar que eu sei o que eu estou fazendo. Até porque seria muita inocência achar que, se eu soubesse, ia sentir necessidade de contar por aqui. Mas algumas coisas eu sei, sim.
Primeiro: eu precisava, um precisar físico, palpável, abandonar o mundo corporativo, pelo menos por um tempo. Calls, syncs, agendas, 1:1s, weeklies, monthlies, feedbacks, growth areas, super powers, slacks, pings, quips, docs, narratives, one pagers, two pagers, ene pagers.
Segundo: eu precisava sair de São Paulo, a qualquer custo, também por pelo menos um tempo. Uma boa amiga diz que, com todos os seus pesares, SP ainda é a melhor cidade pra quem precisa de um lugar pra se criar, virar gente, se provar. Talvez eu concorde, e sinta que já cheguei onde precisava chegar, e sobraram só os pesares (que são muitos, muitos, muitos).
(parênteses: gosto muito de citar as pessoas (quando não roubo diretamente a opinião delas), mas aqui não decidi ainda como vai funcionar isso – um “Fulana diz que” é expor a Fulana? Fora que fica com cara de citação acadêmica, e não quero dar a impressão de que meus amigos tem essa pátina toda, via de regra é tudo curva de rio. E também não é bem citação, é o que lembro hoje daquilo que entendi do que alguém, e não garanto que é mesmo esse alguém, me disse algum dia; então posso causar confusão com os autores. Complexo.)
Uma coisa que eu não sabia sabia, mas sabia sentia, é que eu queria mais Brasil. Não consigo explicar melhor, só isso mesmo, queria mais Brasil. Dois anos morando fora, sem contar as muitas viagens de trabalho, só fizeram reforçar um amor cego, imaturo, inocente, desmerecido por tudo isso que a gente tem aqui.
Até aí beleza, mas o que é Brasil, onde fica, como faz pra chegar lá, e é de comer? E mais, quase certeza que São Paulo é Brasil, vi aqui no mapa. Explica essa.
Não consigo, não de alguma forma minimamente coerente, mas não precisa porque o que importa é que eu e você sabemos que não é. Tem Brasis mais legais por aí, onde o vira-lata caramelo reina, onde o quanto você trabalha (ou o quanto você se mata lentamente, diariamente, em benefício de algo que só te traz infelicidade) não define seu valor, e onde as aparências, impressões, feelings, vibes, aesthetics, não foram fabricadas em laboratório pra fisgar o peixe pinheirense (facilmente fisgável, pois tonto), só são como são porque são mesmo, e pronto.
Não é bonito isso? Eu acho.
Então foi fácil decidir que deveria viajar por aí na busca desse ultimate Brasil, o Brasil que é mais Brasil que todos os outros Brasis. Meio sem expectativa de um dia achar de verdade, mas só querendo curtir a jornada. Viajar pra onde eu já não sei, mas isso é o de menos – o país é tão incrível, e eu conheço tão pouco dele, que é só andar em qualquer direção que vai ser sucesso.
Então a viagem começou, literalmente, com uma passagem de ida, a boa vontade de um amigo antigo, e umas anotações aleatórias. Com a tranquilidade e o privilégio de ir desenhando o dia a dia durante o dia a dia.
Sobre o site, é fácil. Muita gente muito querida me convenceu que seria legal documentar essas viagens, e eu já estava procurando um lugar onde postar fotos, que não são tão boas mas são minhas, e são queridas, porque só eu sei o quão difícil é o processo de chegar ali. Então casou as duas vontades.
Na real, assumindo o egoísmo, faço isso mais por mim do que por vocês (que ainda nem existem, escrevo isso no vácuo), então tanto parar amanhã quanto continuar até o fim, seja lá qual for, são igualmente prováveis.

